O Nazismo é de Direita ou de Esquerda? [1]

O Nazismo é uma ideologia de Direita ou de Esquerda? [1]

Neste estudo vou fazer uma coisa que há muito tempo estou adiando pela dificuldade do desafio, pelos vieses complexos do tema e pela polarização que o assunto tomou nos últimos 100 anos! Pretendo definir aqui se o Nazismo de Hitler era uma ideologia de Direita ou de Esquerda, ou outra coisa!

Temos ouvido insistentemente no Ocidente que o Nazismo é uma ideologia da Extrema Direita! A maioria das notícias dos jornais internacionais e das pesquisas no Google, na Wikipedia e até no Chat GPT definem o Nazismo como sendo de Extrema Direita.

E toda esta certeza veio de um viés histórico a partir da perseguição por Hitler dos marxistas que propunham a “Revolução do Proletariado” (“Proletários de todos os países, uni-vos!”), o que acabou dando origem ao movimento Antifas, ou “Antifascistas”. O “Antifaschistische Aktion” foi o primeiro movimento alemão proclamado pelo Partido Comunista Alemão (KPD) em seu jornal Rote Fahne em 1932 e realizou sua primeira manifestação contra o Nazismo em Berlim, em 10 de julho de 1932.

A conclusão lógica foi a de que, se Hitler estava perseguindo, prendendo em campos de concentração e matando os comunistas marxistas da Extrema Esquerda, ele só poderia ser da Extrema Direita!

E este vício do pensamento vem justamente da polarização retilínea da ideologia política:

Se Hitler era contra a Extrema Esquerda, ele só se encaixaria na Extrema Direita:

Esta oposição fica mais clara na chamada “Teoria da Ferradura”:

Vamos, então, buscar desenrolar esta questão, buscando os fios do novelo!

Em primeiro lugar, sabemos pelo livro “Mein Kampf” escrito na prisão por Adolf Hitler em 1920 e publicado em 1925, que ele odiava principalmente três coisas: 1. Os judeus; 2. Os marxistas e 3. Os capitalistas internacionais. Mas, ao longo de todo o livro, vemos que muitos marxistas (e o próprio Marx), eram judeus e que os chamados “capitalistas internacionais” por Hitler e outros autores, também eram judeus!

Vejamos o que Hitler escreveu sobre estes três temas no seu famoso livro:

“Torna-se tão ordinário na sua vulgaridade, que ninguém se deve admirar que, entre o nosso povo, a personificação do diabo, como símbolo de todo mal, tome a forma do judeu em carne e osso.” Adolf Hitler,  Mein Kampf.”1  p.307-308

“A doutrina judaica do marxismo repele o princípio aristocrático na natureza. Contra o privilégio eterno do poder e da força do indivíduo levanta o poder das massas e o peso-morto do número. Nega o valor do indivíduo, combate a importância das nacionalidades e das raças, anulando assim na humanidade a razão de sua existência e de sua cultura. Por essa maneira de encarar o universo, conduziria a humanidade a abandonar qualquer noção de ordem. E como nesse grande organismo, só o caos poderia resultar da aplicação desses princípios, a ruína seria o desfecho final para todos os habitantes da Terra. Se o judeu, com o auxilio do seu credo marxista, conquistar as nações do mundo, a sua coroa de vitórias será a coroa mortuária da raça humana e, então, o planeta vazio de homens, mais uma vez, como há milhões de anos, errará pelo éter. A natureza sempre se vinga inexoravelmente de todas as usurpações contra o seu domínio. Por isso, acredito agora que ajo de acordo com as prescrições do Criador Onipotente. Lutando contra o judaísmo, estou realizando a obra de Deus.”1 p.64

“O que a chamada imprensa liberal fez antes da Guerra foi cavar um túmulo para a nação alemã e para o Reich. Não precisamos dizer nada sobre os mentirosos jornais marxistas. Para eles o mentir é tão necessário como para os gatos o miar. Seu único objetivo é quebrar as forças de resistência da nação, preparando-a para a escravidão do capitalismo internacional e dos seus senhores, os judeus.”1  p.107

“Comecei a aprender e compreender, só agora, o sentido e a finalidade da obra do judeu Karl Marx. Só agora compreendi bem seu livro – “O Capital” – assim como a luta da social-democracia contra a economia nacional, luta essa que tem em mira preparar o terreno para o domínio da verdadeira alta finança internacional.”1 p.203

“A guerra persistente contra as “indústrias pesadas” da Alemanha foi o ponto de partida visível da internacionalização que se processava com a ajuda do marxismo. E o único meio de completar a obra era assegurar a vitória do marxismo – por meio da Revolução.”1 p.223

Mas, se Hitler era contra os judeus, os marxistas e os capitalistas internacionais, como ele deixa bem claro aqui, o que realmente foi o Nazismo?

Vamos ver o que o próprio Hitler disse a este respeito:

“O propósito do Socialismo também deve ser que um povo se torne saudável, que o povo se eleve por meio desse Socialismo. Mas quando percebo que o Socialismo não deve ser uma frase partidária, mas uma doutrina para elevar os mais pobres, os mais baixos de um povo, para melhorar suas condições de vida, então tenho que entender que só posso conseguir isso se toda comunidade está pronta para isso, quando todo um povo se põe a serviço desse movimento.”2

Socialismo significa para nós não a solução da questão trabalhista, mas sim a ordenação de todos os camaradas raciais alemães e uma verdadeira comunidade viva; significa a preservação da evolução do Volk com base nas específicas leis da evolução da espécie.”3

Então, o Nazismo era Socialista? Se o próprio Hitler está falando claramente que ele é socialista, porque dizem que o Nazismo é de Extrema Direita? Ele não odiava os comunistas marxistas? Como um Socialista poderia odiar um Comunista? E porque Hitler colocou no seu partido o nome de “Partido Nacional Socialista dos Trabalhadores Alemães” (NSADP)?

Estas questões mostram a dificuldade que temos visto nos últimos 100 anos para classificar o que realmente foi o Nazismo e compreendermos os motivos históricos destas confusões!

Muitos socialistas atuais dizem que Hitler mudou o nome do “Partido dos Trabalhadores Alemães” (Deutschen Arbeiterpartei – DAP) para “Partido Nacional Socialista dos Trabalhadores Alemães” (Nationalsozialistische Deutsche Arbeiterpartei – NSDAP) em 1920 apenas para fins de “corromper e surrupiar a classe trabalhadora” ou que era apenas uma “estratégia de marketing”!

Mas vejamos o que o próprio Hitler escreveu sobre isso no seu livro:

“Devido ao seu sentido vago, cada um entende a expressão “popular”, a seu jeito. Só esse fato a torna inviável para a base de um movimento político. Prova disso é o ridículo que desperta. Neste mundo, porém, quem não se dispuser a ser odiado pelos adversários não me parece ter muito valor como amigo. Por isso, a simpatia desses indivíduos era por nós considerada não só inútil mas prejudicial. Para irritá-los, adotamos, de começo, a denominação de Partido para o nosso movimento, que tomou o nome de Partido Nacional Socialista dos Trabalhadores Alemães.

É claro que teríamos de ser combatidos, não com armas eficientes mas pela pena, única arma desses escrevinhadores. A nossa afirmação de que “nos defendemos com a força contra quem nos combate com a força” era incompreensível para eles.”1 p.340

Como dito anteriormente, Hitler odiava os marxistas e a sua ideologia da “Ditadura do Proletariado” e do “Comunismo Internacional” e cunhou este nome do partido apenas “para irritá-los”! Hitler estava em uma franca campanha contra os marxistas e queria fomentar um confronto físico com eles:

“No começo do ano de 1920 eu insisti pelo primeiro grande comício. A imprensa vermelha começava a se ocupar de nós. Considerávamo-nos felizes por termos despertado o seu ódio. Tínhamos começado a frequentar outras reuniões, como críticos. Com isso conseguimos ser conhecidos e ver aumentados a aversão e o ódio contra nós. Deveríamos, por isso, esperar que os nossos amigos vermelhos nos fariam uma visita, ao nosso primeiro grande comício. Era muito possível que fôssemos atacados de surpresa. Eu conhecia muito bem a mentalidade dos marxistas. Uma forte reação da nossa parte não só produziria sobre eles uma profunda impressão como serviria para ganhar adeptos. Deveríamos, pois, nos decidir a essa reação!

O dia 24 de fevereiro de 1920 foi a data fixada para o primeiro grande comício do movimento, até então desconhecido. Eu, pessoalmente, encarreguei-me de arranjar as coisas. Os preparativos eram os mais simples. O anúncio deveria ser feito por cartazes e boletins orientados no sentido de produzir a mais forte impressão sobre as massas. A cor que escolhemos foi a vermelha, não só porque chama mais atenção como porque, provavelmente, irritaria os nossos adversários e faria com que eles se impressionassem conosco.

No auditório encontravam-se talvez umas duas mil pessoas, justamente aquelas a que nos queríamos dirigir. Mais da metade dos presentes era composta de comunistas e de independentes. Quando o primeiro orador acabou de falar, eu pedi a palavra. Dentro de poucos minutos começaram os apartes e verificaram-se cenas de violência dentro da sala. Alguns fiéis camaradas da Guerra, depois de espancarem os perturbadores da ordem, restabeleceram a tranquilidade.”1 p.340-341.

Mas a questão mais importante neste estudo é que a prioridade de Hitler não era o Socialismo em si, mas a questão da raça ariana, como ele informa aqui:

“Mas a organização de uma concepção do mundo só pode efetuar-se duradouramente sobre a base de uma fórmula definida e clara. Os princípios políticos do partido em formação devem ser como os dogmas para a Religião.

Por isso, a concepção racista do mundo tem de tornar-se um instrumento que permita ao Partido as devidas possibilidades de luta, tal como a organização partidária marxista abre o caminho para o internacionalismo.

Esse fim visa o Partido Nacional Socialista dos Trabalhadores Alemães.

Que uma tal compreensão partidária do conceito racista implica na vitória da concepção racista, a melhor prova é dada, – ao menos indiretamente, pelos próprios adversários de uma tal união partidária. Exatamente aqueles que não se cansam de insistir que a concepção racista não é privilégio de um indivíduo, mas que dormita ou vive sabe Deus no coração de quantos milhões de pessoas, documentam, com isso, que o fato da existência de uma tal ideia de modo algum impediria a vitória da concepção adversa, que, sem dúvida, terá a representação clássica de um partido político.”1 p.354-355

“Por outras palavras: o Partido Nacional Socialista dos Trabalhadores Alemães apropria-se das características essenciais do pensamento fundamental de uma concepção geral racista do mundo; e, tomando em consideração a realidade prática, o tempo, o material humano existente, com as suas fraquezas, forma uma já política, a qual, por sua vez, dentro desse modo de entender a rígida organização das grandes massas humanas, autoriza a prever a luta vitoriosa dessa nova doutrina.”1 p.355

É interessante anotar aqui que embora o partido de Hitler seja muito mais conhecido como “Partido Nazista”, este nunca foi o seu nome oficial, mas até o final da Segunda Guerra Mundial, em 1945, foi conhecido como NSADP (“Partido Nacional Socialista dos Trabalhadores Alemães”)! O termo “Nazi” deriva das duas primeiras sílabas de “Nationalsozialistische Deutsche Arbeiterpartei” (NSDAP).

No Final de 1919 o partido (que ainda era o “Partido dos Trabalhadores Alemães” (“Deutschen Arbeiterpartei” – DAP) tinha 64 membros e em Maio de 1943 seu número como NSDAP era de 7.700.000 pessoas!

Outra questão que é importante trazer aqui é que a maioria das teorias do Nazismo não foi criada por Adolf Hitler, mas por um conjunto de pessoas, fatos e ideologias daquela época. No desenrolar daqueles eventos, Hitler foi apenas uma das peças deste imenso jogo de poder, mas que acabou centralizando em sua pessoa a imagem populista de um “salvador da pátria”. E ele acabou se considerando um “enviado de Deus” para realizar “a grande obra da purificação da raça ariana”: “Lutando contra o judaísmo, estou realizando a obra de Deus.1 p.64

Em 5 de janeiro de 1919 foi fundado um novo partido político chamado de “Partido Socialista dos Trabalhadores da Alemanha”, por um alemão chamado Anton Drexler (1884 – 1942), juntamente com Karl Harrer (1890-1926), um jornalista e membro da Sociedade Thule. Mas Harrer se opôs ao termo “socialista” e o problema foi resolvido através da remoção do termo e o partido recebeu o nome de “Partido dos Trabalhadores Alemães” (“Deutsche Arbeiterpartei”, DAP), já citado acima.4**

Para aliviar as preocupações entre os potenciais apoiadores da classe média, Drexler deixou claro ser contrário aos marxistas e que a política socialista do partido pretendia “dar bem-estar social para os cidadãos alemães considerados parte da raça ariana”. Eles se tornaram um dos muitos movimentos völkisch que existiam na Alemanha na época. Assim como outros grupos völkisch, o DAP defendeu a crença de que através da socialização, a Alemanha deveria se tornar uma “comunidade nacional” (“Volksgemeinschaft”) unificada ao invés de uma sociedade dividida ao longo da classe e do partido. Esta ideologia foi explicitamente antissemita.4**

Em 12 de setembro de 1919, Hitler fez seu primeiro contado com o DAP, atuando como um infiltrado da Reichswehr numa reunião do novo partido nacionalista. No entanto, sentiu-se atraído pelas ideias nacionalistas, anticapitalistas, anticomunistas e antissemitas do fundador Anton Drexler e, dias mais tarde, filiou-se à organização, da qual rapidamente ganharia a liderança.5*%

Anton Drexler e Karl Harrer, os criadores do DAP, foram citados por Hitler na página 341 do Mein Kampf:

“Harrer, então presidente do Partido, não concordou com os meus pontos de vista sobre a escolha do momento, e, como homem de honra, retirou-se da liderança do movimento. O seu sucessor foi Anton Drexler. Eu tomei a mim a organização da propaganda do movimento e resolvi levá-la a cabo sem contemplações.”1

Depois de fazer seu primeiro discurso para o DAP em 16 de outubro no Hofbräukeller, Hitler rapidamente se tornou o orador mais ativo do partido. As consideráveis habilidades de oratória e propaganda de Hitler foram apreciadas pela liderança do partido quando as multidões começaram a se reunir para ouvir seus discursos durante 1919-1920. Com o apoio de Drexler, Hitler tornou-se chefe de propaganda do partido no início de 1920. Ele via a propaganda como a maneira de levar o nacionalismo ao público.5*%

Karl Harrer (1890-1926) foi um jornalista e político alemão e um dos membros fundadores do “Deutsche Arbeiterpartei” (Partido dos Trabalhadores Alemães, DAP), em Janeiro de 1919. Harrer foi “encarregado” pela Sociedade Thule para tentar influenciar politicamente os trabalhadores alemães em Munique após o fim da Primeira Guerra Mundial.

Embora Harrer preferisse que o pequeno grupo se mantivesse um clube nacionalista semi-secreto, Drexler queria torná-lo um partido político. Daí em diante, Drexler propôs a fundação do DAP em Dezembro de 1918. Em 5 de Janeiro de 1919, o DAP foi fundado, envolvendo não só Harrer e Drexler, mas também Gottfried Feder e Dietrich Eckart. Com a fundação do DAP, Drexler foi eleito presidente e Harrer foi nomeado “Presidente do Reich”, um título honorário.

Harrer foi ficando cada vez mais descontente com a direção para a qual o partido estava indo depois de Adolf Hitler ter-se tornado uma força influente no seu interior. No início de 1920, Hitler decidiu cortar a ligação entre o partido e a Sociedade de Thule, e redefinir as políticas do DAP.

Em 24 de Fevereiro de 1920, no Staatliches Hofbräuhaus in München, Hitler, pela primeira vez, anuncia os Vinte e Cinco Pontos do manifesto do Partido dos Trabalhadores Alemães que tinha sido elaborado por Drexler, Feder, e Hitler. A importância desta ação – expandir o perfil público do partido – era tal que Harrer demitiu-se do partido, em desacordo, pois ele achava que devia ser um grupo de elite semi-secreto, em vez de um movimento popular em massa. A Sociedade Thule caiu em declínio, e foi dissolvida cerca de cinco anos mais tarde, bem antes de Hitler chegar ao poder.6

Anton Drexler (1884-1942) foi um agitador político alemão do Movimento Völkisch na década de 1920. Fundou o Partido Alemão dos Trabalhadores (DAP) e orientou seu sucessor no NSDAP, Adolf Hitler, durante seus primeiros anos na política.

Em março de 1918, Drexler fundou uma filial da liga do Comitê dos Trabalhadores Livres para uma Boa Paz (Der Freie Arbeiterausschuss für einen guten Frieden). Karl Harrer convenceu Drexler e vários outros a formar o Círculo dos Trabalhadores Políticos (Politischer Arbeiter-Zirkel) em 1918. Os membros reuniam-se periodicamente para discussões sobre nacionalismo e antissemitismo.7 *#

Foi Gottfried Feder (1883-1941) o maior responsável por elaborar a doutrina econômica do Partido Nacional-socialista dos Trabalhadores Alemães (NSDAP). Nascido na cidade bávara de Würzburg, Feder é descrito por Shirer como um “engenheiro-construtor e maníaco por questões econômicas”. Em 1917, Feder funda a Liga de Combate Alemã para a Abolição da Escravidão dos Interesses Pessoais. Sua palestra na sede do Partido dos Trabalhadores Alemães, em 1919, despertou o interesse de Hitler, que se filiou e tomou as rédeas do partido, vindo a transformá-lo no NSDAP.8

Hitler cita Feder nas páginas 198 e 199 do seu Mein Kampf:

“O problema do Estado em relação ao capital tornava-se assim simples e claro. Ele só teria de fazer com que o capital se mantivesse a serviço do Estado e evitar que esse se convencesse de que era o dono da nação. Essa atitude podia-se manter em dois limites: conservação de uma economia viva nacional e independente, de um lado, garantia de direitos sociais dos empregados, de outro lado.

Anteriormente eu não tinha conseguido ainda distinguir, com a clareza que seria de desejar, a diferença entre o capital considerado como resultado final do trabalho produtivo, e o capital cuja existência repousa exclusivamente na especulação.

Esta diferença foi exaustivamente tratada e esclarecida por Gottfied Feder, professor em um dos cursos já por mim citados.

Pela primeira vez na minha vida, assisti a uma exposição de princípios relativa ao capital internacional, no que diz respeito a movimentos de bolsa e empréstimos.

Depois de ter ouvido a primeira preleção de Feder, passou-me imediatamente pela cabeça a ideia de ter então encontrado uma das condições básicas para a fundação de um novo partido.

Aos meus olhos o mérito de Feder consistia em ter pintado, com as cores mais fortes, o caráter especulativo, assim como econômico, do capital internacional e ter mostrado a sua eterna preocupação de juros.

As suas exposições eram tão certas em todas as questões fundamentais, que os críticos das mesmas desde logo combatiam menos a veracidade teórica da ideia do que a possibilidade prática de sua execução. Assim, aquilo que aos olhos de outros era considerado o lado fraco das ideias de Feder, constituía aos meus o seu ponto mais forte.”1

Aqui, Hitler resume a sua visão do Capitalismo e como ele deveria “se manter a serviço do Estado e evitar que esse se convencesse de que era o dono da nação”. Ao ouvir, “pela primeira vez na sua vida”, uma exposição de princípios relativos ao “capital internacional”, a “movimentos de bolsa e empréstimos”, Hitler disse ter “encontrado uma das condições básicas para a fundação de um novo partido”. Hitler deixa bem claro que o capital deve ficar subordinado ao poder do Estado, o que é uma das bases do Comunismo!

Seria muito interessante expandir este tema aqui, para desconstruirmos definitivamente a ideia de que o Nazismo é um partido de Extrema Direita, mas vou procurar me concentrar em alguns parágrafos mais importantes, por enquanto. Já vimos que quem criou esta teoria foi Gottfried Feder e ele tinha uma visão política essencialmente socialista!

Gottfried Feder foi o maior responsável por elaborar a doutrina econômica do Partido Nacional-socialista dos Trabalhadores Alemães. E neste programa encontramos importantes documentos, como os “25 pontos do Programa do Partido Nazista”, que foi adotado em fevereiro de 1920 e que trazia algumas questões muito interessantes para sabermos se o Nazismo era de Direita ou de Esquerda:

  1. Exigimos a unificação de todos os alemães na Grande Alemanha com base no direito de autodeterminação dos povos.
  2. Exigimos igualdade de direitos para o povo alemão em relação às outras nações; revogação dos tratados de paz de Versalhes e St. Germain.
  3. Exigimos terra e território (colônias) para o sustento do nosso povo, e colonização para a nossa população excedente.
  4. Apenas um membro da raça pode ser um cidadão. Um membro da raça só pode ser aquele que é de sangue alemão, sem consideração de credo. Consequentemente nenhum judeu pode ser um membro da raça.
  5. … exigimos que todos os cargos públicos, de qualquer tipo que seja, se no Reich, condado ou município, deve ser preenchido apenas pelos cidadãos.
  6. Tanto a imigração de não cidadãos devem ser prevenidos. Exigimos que todos os não-alemães, que imigraram para a Alemanha desde 2 de agosto de 1914, sejam forçados a deixar imediatamente o Reich.

Consequentemente, exigimos:

  1. A abolição de rendimentos não adquiridos (trabalho e emprego). Quebra da escravatura do aluguel.
  2. Exigimos a nacionalização de todas as indústrias associadas (trusts).
  3. Exigimos uma divisão dos lucros de todas as indústrias.
  4. Exigimos a criação de uma classe média saudável e a sua conservação, comunalização imediata dos grandes depósitos e serem alugados a baixo custo para as pequenas empresas, a máxima consideração de todas as pequenas empresas em contratos com o Estado, condado ou município.
  5. Exigimos uma reforma agrária adequada às nossas necessidades, a prestação de uma lei para a desapropriação de terras livres para fins de utilidade pública, a abolição dos impostos sobre a terra e a prevenção de todas as especulações da terra.
  6. Exigimos a substituição de uma lei comum alemã no lugar do Direito Romano que serve a uma ordem mundial materialista.
  7. O Estado é o ser responsável por uma reconstrução fundamental de todo o nosso programa de educação nacional, para permitir que todos os capazes e industriosos alemães para obter o ensino superior e, posteriormente, introdução em posições de liderança. …
  8. Exigimos oposição legal às mentiras conhecidas e da sua promulgação através da imprensa. A fim de permitir a prestação de uma imprensa alemã, exigimos que:
  9. Todos os escritores e funcionários dos jornais em língua alemã sejam membros da raça;
  10. Jornais não-alemães sejam sujeitos à obrigação de autorização expressa do Estado para ser publicado. Que eles não podem ser impressos em língua alemã;
  11. Não-alemães são proibidos por lei de qualquer interesse financeiro em publicações alemãs, ou qualquer influência sobre eles, e como a punição para violações é de fechamento de tal publicação, bem como a expulsão imediata do Reich em causa de não-alemão. Publicações que são contra o bem geral devem ser proibidos. Exigimos processo legal dos formulários artísticos e literários que exercem uma influência destrutiva sobre a nossa vida nacional, bem como o encerramento de organizações que se opõem às exigências feitas acima.
  12. Para a execução de tudo isto, exigimos a formação de um poder central forte no Reich. Autoridade ilimitada no parlamento central sobre todo o Reich e as suas organizações em geral. A formação de câmaras estaduais e profissionais para a execução das leis feitas pelo Reich dentro dos vários estados da confederação. Os líderes do Partido prometem, se necessário com o sacrifício de suas próprias vidas, para apoiar através da execução dos pontos enunciados, sem consideração.9*5

Alguém, em sã consciência neste mundo, poderia afirmar que estes Pontos do Partido Nazista (nacionalização de todas as indústrias associadas, divisão dos lucros de todas as indústrias, comunalização imediata dos grandes depósitos e reforma agrária) são de Direita? Capitalista? Ou que são Conservadores? Impossível!

E quando lemos o próprio Hitler descrevendo a construção da bandeira nazista com a Suástica, não teremos mais dúvida alguma:

“Nesse ínterim, depois de inúmeras tentativas, eu havia chegado a uma forma definitiva; uma bandeira de fundo vermelho com um disco branco, em cujo meio figurava uma cruz suástica preta. Após longas experiências, descobri, também, uma relação determinada entre a dimensão da bandeira e a do disco branco, como entre a forma e o tamanho da cruz suástica, e aí fizemos ponto final.

Era um símbolo de verdade! Por serem intérpretes da nossa veneração pelo passado, estas cores ardentemente amadas, que, outrora, alcançaram tanta glória para o povo alemão, eram, agora, ainda a melhor materialização das aspirações do movimento. Como nacionais-socialistas, costumamos ver na nossa bandeira o nosso programa. No vermelho, vemos a ideia socialista do movimento, no branco, a ideia nacional, na cruz suástica a missão da luta pela vitória do homem ariano, simultaneamente com a vitória da nossa missão renovadora que foi e será eternamente antissemítica.1 p.210-211

Aqui já daria para encerrar o tema da polarização mas vamos aprofundar um pouco mais, nas palavras do próprio Hitler, em vários momentos da sua história!

“Se o Partido Socialista Cristão possuísse, além de sua inteligente compreensão da grande massa, uma noção certa da importância do problema da raça, como a tinha apanhado o movimento pangermanista, e tivesse ele também sido nacionalista ou tivesse o movimento pangermanista adotado, além da sua compreensão certa do objetivo da questão judaica e da importância do sentimento nacional, também a inteligência prática do Partido Socialista Cristão, sobretudo quanto à atitude em relação ao socialismo – ter-se-ia produzido aquele movimento que, já então – estou convencido – poderia ter influído no destino do germanismo.”1 p.55

“Além disso, um movimento novo deve afastar qualquer empecilho que possa anular a sua atividade na luta pela vitória das suas ideias. O Nacional-Socialismo deve reclamar para si o direito de impor à totalidade da nação alemã, sem consideração às atuais fronteiras dos Estados, os seus princípios e educar a nação nas suas ideias. Da mesma forma que as religiões não são dependentes dos limites políticos, a ideia nacional-socialista. independe dos diferentes Estados da nossa pátria.

A doutrina nacional socialista não é destinada a servir a interesses políticos dos diferentes Estados federados, mas a guiar a nação alemã.

Ela deve organizar, novamente, a vida de toda a nação e, por esse motivo, deve reclamar, categoricamente, para si, o direito de ultrapassar fronteiras traçadas por acontecimentos políticos que condenamos. Quanto mais decisiva for a vitória destas ideias, tanto maior poderá, mais tarde, ser a liberdade individual, cercada de todas as garantias no interior.1 p.245

“Os sindicatos são necessários, sobretudo, como pedra fundamental do futuro parlamento econômico e, relativamente, das câmaras de classes.

A segunda pergunta já não é tão fácil de ser respondida. Se o movimento sindical é importante, então é claro que o nacional socialismo deve tomar a sua posição não apenas teoricamente, mas também praticamente.”1 p.254

“A luta contra os duros elementos nórdicos tornou uma ética de trabalho absolutamente necessária para sobrevivência. Assim, ao longo dos tempos os arianos desenvolveram o amor hereditário pelo trabalho, portanto arianismo significa a concepção moral do trabalho e através dela aquilo de que falamos tantas vezes hoje: socialismo, senso de comunidade e bem comum antes dos interesses individuais.”10

“Temos a convicção de que o socialismo em nosso sentido pode ser encontrado com nações e raças arianas e, portanto, em primeiro lugar, esperamos em nosso próprio povo e estamos convencidos de que, desse modo, o socialismo é inseparável do nacionalismo.”11

“Uma revolução tem três objetivos principais. Em primeiro lugar, trata-se de quebrar as divisões entre as classes, de modo a permitir a ascensão de todos os indivíduos. Em segundo lugar, trata-se de criar um padrão de vida que garanta aos mais pobres uma existência digna. Finalmente, trata-se de agir de modo que os benefícios da civilização se tornem em propriedade comum.”12

“O socialismo é o esforço para preencher a grande lacuna que existe em um povo entre a mais alta inteligência e a força de trabalho mais primitiva e para garantir que o influxo seja ininterrupto e que o todo represente uma única entidade cultural, intelectual e econômica.”13

“Se alguém me perguntar” por que você é socialista?”, eu respondo: porque não acredito que nossa nação possa sobreviver como nação a longo prazo, se não for saudável em todas as suas partes. Não  consigo imaginar nenhum futuro para nossa nação se de  um lado vejo uma burguesia bem nutrida, enquanto ao lado dela, caminham as figuras de trabalhadores emaciados.”

“Eu pergunto: Como será o nosso futuro? A  única coisa que me interessa é a minha nação, como será daqui a cem  anos, isso é tudo o que importa. Não  sou o socialista por pena do indivíduo, apenas por consideração à minha nação. Eu quero que a nação que nos deu nossas vidas também tenham uma existência no futuro.”14

Nós somos socialistas porque sabemos que valores fundamentais residem todas as classes do nosso povo. Estamos convencidos da necessidade de elevar o status dos trabalhadores manuais, não por sentimentalismo ou por medo do que essa classe se rebele e se torne revolucionária, mas sim porque é necessário, porque sabemos que nela estão contidas forças valiosas do nosso povo que, do contrário seriam perdidas.”

“Um povo está saudável quando ocorre um fluxo contínuo do que é bom e de pessoas determinadas que surgem de baixo para cima, as camadas superiores são complementadas com sangue novo, para que não prevaleça uma espiritualidade vazia e alheia à vida, mas sim uma espiritualidade permeada por forças vivas e frescas, que residem na ampla massa.”15

Otto Dietrich (1897-1952) foi um SS-Obergruppenführer (alta patente de paramilitares do Partido Nazista) do Terceiro Reich, chefe de imprensa e amigo pessoal de Adolf Hitler e escreveu:

“Hitler disse ao povo que a recuperação será alcançada apenas por meio de medidas sociais e que os objetivos socialistas só poderiam ser alcançados em bases nacionalistas.”

 “O conceito nacional que ele pregava era a criação do Estado sem classes, estabelecendo uma Volksgemeinschaft, uma comunidade racial do povo, eliminando os males do sistema partidário e resolvendo o problema judaico”. O princípio governante dessa comunidade nacional seria: “O bem comum vem antes do bem individual.”16

“O conceito socialista desenvolvido por Hitler partiu da pergunta: Por qual princípio a justiça social e a harmonia dos interesses econômicos podem ser mais bem alcançadas, dadas as diferenças naturais entre os homens? A resposta de Hitler foi: “O princípio da eficiência socialista, ao estabelecer a igualdade de condições na competição econômica produzirá a solução mais justa, e ao mesmo tempo, mais bem sucedida.

“Consequentemente, ele exigia oportunidades iguais para todos, a abolição de todos os privilégios de nascimento e classe, quebra do monopólio educacional da classe proprietária, eliminação da renda imerecida, “quebra da servidão ao juros” e ao destronamento do ouro, já que o ouro é um “fator econômico improdutivo”. Em seu pensamento econômico, o trabalho, que gera mais trabalho, substituiu o ouro; em vez do interesse capitalista, ele insistia na produtividade econômica do povo.”17

Richard Weikart (1958-), professor de história na California State University, escreveu sobre a ética de Hitler:

Nacionalismo e socialismo estavam inextricavelmente ligados na mente de Hitler e ele frequentemente afirmava que os dois eram idênticos. O próprio nome de seu partido que Hitler mudou em 1920 de Partido dos Trabalhadores Alemães para Partido Nacional Socialista dos Trabalhadores Alemães, refletia essa identificação de nacionalismo e socialismo.”

 “Para Hitler, o socialismo não significava igualdade econômica ou propriedade pública dos meios de produção, mas sim um sistema econômico caracterizado por cada um trabalhando para o bem de toda a nação. Cada um deve sacrificar seu tempo, energia e bens materiais para promover o bem-estar comum da nação e do povo alemão (definido racionalmente, é claro).”18

Otto Wilhelm Heinrich Wagener (1888-1971) foi um major-general alemão e, por quase 10 anos, conselheiro econômico e confidente de Adolf Hitler. Ele publicou esta fala de Hitler:

“Não me coloquei no caminho da política para abrir caminho a um socialismo internacional… Trago ao povo alemão um nacional-socialismo, a teoria política da comunidade nacional, o sentimento de unidade de todos os que pertencem à nação alemã e que estão preparados e dispostos a sentir-se parte indissociável, mas também corresponsável, da totalidade da nação [leia-se: raça].”19

Otto Wagener também escreveu no seu livro sobre como Hitler via a questão do individualismo e do coletivismo para a edificação do futuro socialismo:

“[Hitler:] Aqui você vê a diferença entre a antiga era do individualismo e o socialismo que está no horizonte. No passado – isto é, para a maioria das pessoas ainda o presente – o indivíduo é tudo, tudo se destina a manter sua vida e melhorar sua existência. Tudo se concentra nele. Ele  é o centro.”

“Todo mundo é uma figura central, como é oficialmente reconhecido em seus direitos humanos adquiridos. No socialismo do futuro, ao contrário, o que conta é o todo a comunidade o Völk. O  indivíduo e sua vida desempenham apenas um papel subsidiário. Ele  pode ser sacrificado – e ele está preparado para ser sacrificado se o todo exigir, se o bem comum exigir.”20

Será que todas estas informações já foram suficientes para caracterizar definitivamente o Nazismo como sendo um partido de ideologia Socialista, de Esquerda?

Provavelmente, sim! Mas vamos ainda aprofundar um pouco mais nas próximas páginas a respeito do Capitalismo Internacional, do Nacionalismo e do Antissemitismo no Nazismo. Até lá!

Paulo Maciel

05/08/2024

Fontes:

  1. SpCultura: https://spcultura.prefeitura.sp.gov.br. > files > Minha Luta, Adolf Hitler – 291 páginas.
  2. Adolf Hitler. “Zukunft oder Untergang”, em Reden. Schriften. Anordnungen. Februar 1925 bis Januar 1933. Band IV. Von der Reichstagswahl bis zur Reichspräsidentenwahl Juli 1926 – Mai 1928. München, K. G. Saur, 1992. p 177
  3. Adolf Hitler. Wofür kämpfen wir? Berlin, Heerespersonalamt, 1944. p 105
  4. https://pt.wikipedia.org/wiki/Partido_Nacional-Socialista_dos_Trabalhadores_Alemães
  5. https://pt.wikipedia.org/wiki/Partido_Alem%C3%A3o_dos_Trabalhadores
  6. https://pt.wikipedia.org/wiki/Karl_Harrer
  7. https://pt.wikipedia.org/wiki/Anton_Drexler
  8. Da “servidão dos juros” à “colônia de banqueiros”: uma análise dos escritos de Gottfried Feder e Gustavo Barroso. Marcelo Alves de Paula Lima. Bacharel em História. Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). p.204.
  9. https://pt.wikisource.org/wiki/Programa_do_Partido_Nazista
  10. Adolf Hitler. “Warum sind wir Antisemitem?, em Hitler: Sämtliche Aufzeichnungen, 1905-1924. Stuttgart, Deutsche Verlags-Anstalt, 1980. p.190
  11. Adolf Hitler. Warum sind wir Antisemiten?” em Hitler: Sämtliche Aufzeichnungen, 1905-1924. Stuttgart, Deutsche Verlags-Anstalt, 1980. 200
  12. Adolf Hitler. Hitler’s table talks, 1941-1944. His private conversations. New York City, Enigma Books, 2000. 335.
  13. Adolf Hitler. “Nicht Stresemanns Dawesjünger noch internationale Bolschewiken werden einst die Knechtschaft brechen, sondern Wir als Deutsche Sozialisten”, Rede auf NSDAP-Versammlung in München, em Reden. Schriften. Anordnungen. Februar 1925 bis Januar 1933. Band IV. Von der Reichstagswahl bis zur Reichspräsidentenwahl Juli 1926 – Mai 1928. München, K. G. Saur, 1992. p.246
  14. Adolf Hitler. Rede auf NSDAP –Versammlumg in Erlagen, em Reden. Schriften. Anordnungen. Februar 1925 bis Januar 1933. Band IV. Von der Reichstagswahl bis zur Reichspräsidentenwahl Oktober 1930 – März 1932. München, K. G. Saur, 1996. p.24
  15. Adolf Hitler. “Wesen und Ziele des Nationasozialismus”, em Schriften. Anordnungen. Februar 1925 bis Januar 1933. Band. II. Von der Reichstagswahl bis zur Reichspräsidentenwahl Juli 1926 – Mai 1928. München, K. G. Saur, 1992. p.406
  16. Otto Dietrich. The Hitler I knew. Memoirs of the Third Reich’s press chief. Skyhorse Publishing Inc., 2010. p.20-21
  17. Otto Dietrich. The Hitler I knew. Memoirs of the Third Reich’s press chief. Skyhorse Publishing Inc., 2010. p.21
  18. Richard Weikart. Hitler’s ethic. The Nazi pursuit of evolutionary progress. Palgrave MacMillan, 2009. p.107.
  19. Otto Wagener. Hitler – Memoirs of a confidant. Edited by Henry Ashby Turner, Jr. Yale University Press, 1985. pp. 288 e 292
  20. Otto Wagener. Hitler – Memoirs of a confidant. Edited by Henry Ashby Turner, Jr. Yale University Press, 1985. p.16