Neurose, Psicose e Transtornos de Personalidade

Neurose, Psicose e Transtornos de Personalidade

A psiquiatria classifica os seres humanos em três níveis de sofrimento mental e de comportamento: 1. Os Neuróticos; 2. Os Psicóticos e 3. Os portadores dos Transtornos de Personalidade.

Neuroses

Dentro desta classificação de três níveis, a imensa maioria das pessoas se encaixa no diagnóstico da neurose, como dizia Freud: “Sem querer pintar todas as ovelhinhas de preto, somos todos neuróticos”. O que diferencia as pessoas neste sentido da neurose é o seu “grau”: de leve a extremamente incapacitante. A Neurose, por definição, é uma “reação exagerada do sistema emocional em relação a uma experiência vivida” (Reação Vivencial). Sendo assim a Neurose é uma maneira da pessoa ser e de reagir à vida, associada a traços de sua personalidade. Essa maneira de ser neurótica significa que a pessoa reage à vida através de reações vivenciais não normais ou saudáveis; seja no sentido dessas reações serem desproporcionais, seja pelo fato de serem muito duradouras, seja pelo fato delas existirem mesmo sem que exista uma causa vivencial aparente.

Essa maneira exagerada de reagir leva a pessoa neurótica a adotar uma serie de comportamentos compatíveis com o que está sentindo. Voltando à psicanálise, a ansiedade funciona como um alerta das ameaças contra o ego. Freud descreveu três tipos de ansiedade: a ansiedade objetiva surge do medo dos perigos reais; os outros dois tipos, a ansiedade neurótica e a ansiedade moral, derivam da ansiedade subjetiva. ansiedade neurótica é o medo da punição por expressar os desejos impulsivos; já a ansiedade moral surge do medo da consciência quando realizamos ou mesmo pensamos em realizar algum ato contrário aos valores morais da nossa consciência.

Transtornos de Personalidade

A “personalidade” é definida pela totalidade dos traços emocionais e do comportamento de um indivíduo (caráter). Pode-se dizer que é o “jeitão” de ser e de agir da pessoa. Um transtorno (ou perturbação) de personalidade aparece quando esses traços são muito inflexíveis e mal ajustados, ou seja, prejudicam a adaptação do indivíduo às situações que enfrenta, causando a ele próprio, ou mais comumente aos que lhe estão próximos, sofrimentos e incômodos.

São padrões de interação interpessoais tão desviantes da norma, que o desempenho do indivíduo tanto na área profissional como em sua vida privada pode ficar comprometido. Na maior parte das vezes, os sintomas são vivenciados pelo indivíduo como “normais”, de forma que o diagnóstico somente pode ser estabelecida a partir de uma perspectiva exterior. Geralmente aparecem no início da idade adulta e são crônicos (permanecem pela vida toda) se não tratados.

O tratamento desses transtornos é bastante difícil e igualmente demorado, pois em se tratando de mudanças de caráter, o indivíduo terá de mudar o seu próprio “jeito de ser” para que o tratamento seja efetivo.

O CID-10 (Código Internacional de Doenças nº 10) define assim estes transtornos:

F60-F69 Transtornos da personalidade e do comportamento do adulto

Este agrupamento compreende diversos estados e tipos de comportamento clinicamente significativos que tendem a persistir e é a expressão característica da maneira de viver do indivíduo e de seu modo de estabelecer relações consigo próprio e com os outros. Alguns destes estados e tipos de comportamento aparecem precocemente durante o desenvolvimento individual sob a influência conjunta de fatores constitucionais e sociais, enquanto outros são adquiridos mais tardiamente durante a vida.

Já na lista dos Transtornos de Personalidade definidos no DSM-IV-TR (Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais), o que nos interessa em relação ao Adélio está no primeiro grupo (A):

2.1Cluster/Grupo A (transtornos excêntricos ou estranhos = esquizoides, esquizotípicos e paranóides)

2.2Cluster/Grupo B (transtornos dramáticos, imprevisíveis ou irregulares = antissociais/sociopatas, histriônicos/histéricos, narcisistas e borderlines)

2.3Cluster/Grupo C (transtornos ansiosos ou receosos = dependentes, esquivas, obsessivo-compulsivas)

Cluster/Grupo A (transtornos excêntricos ou estranhos)

Os indivíduos que estão neste grupo, costumam ser apelidados como “esquisitos, isolados socialmente, frios emocionalmente, inexpressivos, distantes e muito desconfiados”. Este grupo está mais propenso a desenvolver sintomas psicóticos (daí a sua importância para o nosso tema):

  • Transtorno de personalidade esquizoide — Indivíduos isolados socialmente, não expressam ou vivenciam emoções como alegria ou raiva, frios emocionalmente, indiferentes e não fazem questão de manter laços afetivos com outras pessoas, sendo assim, vistos como independentes emocionalmente. São muito introspectivos, e muitas vezes não têm amizades. Não anseiam por tais relacionamentos e geralmente preferem viver sozinhos e isolados.
  • Transtorno de personalidade esquizotípica — Pessoas com as mesmas características ao esquizoide, contudo, estão mais próximas à esquizofrenia. Desconfiados, alguns podem acreditar que têm poderes especiais, outros podem ser supersticiosos e cheios de “manias”, sendo que geralmente possuem crença excessiva ou fanatismo religioso. Frequentemente participam de seitas excêntricas, ou acabam por se apegar excessivamente a alguma forma de “ocultismo” ou religiosidade, muitas vezes tornam-se fanáticos religiosos que passam a vida a “pregar” seus conceitos de forma exagerada, acreditando serem escolhidos por alguma entidade divina ou, ocasionalmente, acreditam sentir presença ocultas, ouvir vozes e chamados do além, entre outros comportamentos próximos às psicoses. (Nãoconfundir com esquizofrenia.)
  • Transtorno de personalidade paranoide — São pessoas demasiadamente desconfiadas e paranoicas. Não conseguem confiar em outros, sempre alegam que vão ser passados para trás ou que estão tramando e conspirando algo contra ele. Em momentos de estresse, essas características tendem a piorar e são essencialmente rancorosos, com dificuldade em perdoar os erros e fracassos das outras pessoas. Atribuem isso sempre às supostas tramoias, conspirações, perseguições etc. São frios emocionalmente e podem se manter distantes às outras pessoas porque acreditam estar sempre sendo enganados, às vezes reagindo com hostilidade por motivos incompreensíveis aos olhos de outros. (Nãoconfundir com esquizofrenia ou delírio.)

Psicoses

A Psicose é, finalmente, um quadro psicopatológico clássico, reconhecido pela psiquiatria, pela psicologia clínica e pela psicanálise como um estado psíquico no qual se verifica certa “perda de contato com a realidade”. Nos períodos de crises mais intensas podem ocorrer (variando de caso a caso) alucinações ou delírios, desorganização psíquica que inclua pensamento desorganizado e/ou paranoide, acentuada inquietude psicomotora, sensações de angústia intensa e opressão, e insônia severa.

Tal é frequentemente acompanhado por uma falta de “crítica” ou de “insight” que se traduz numa incapacidade de reconhecer o carácter estranho ou bizarro do seu comportamento. Desta forma surgem também, nos momentos de crise, dificuldades de interação social e em cumprir normalmente as atividades de vida diária. Para o leigo, o psicótico é o popular “louco”; para o psiquiatra, é o esquizofrênico.

Segundo o Psicosite, “o aspecto central da psicose é a perda do contato com a realidade, dependendo da intensidade da psicose. Num dado momento a perda será de maior ou menor intensidade. Os psicóticos quando não estão em crise, zelam pelo seu bem estar, alimentam-se, evitam machucar-se, têm interesse sexual, estabelecem contato com pessoas reais. Isto tudo é indício da existência de um relacionamento com o mundo real. A psicose propriamente dita começa a partir do ponto em que o paciente relaciona-se com objetos e coisas que não existem no nosso mundo. Modifica seus planos, suas ideias, suas convicções, seu comportamento por causa de ideias absurdas, incompreensíveis, ao mesmo tempo em que a realidade clara e patente significa pouco ou nada para o paciente. Um psicótico pode sem motivo aparente cismar que o vizinho de baixo está fazendo macumba para ele morrer, mesmo sabendo que no apartamento de baixo não mora ninguém. A cisma nesse caso pertence ao mundo psicótico e a informação aceita de que ninguém mora lá é o contato com o mundo real. No nosso ponto de vista são dados conflitantes, para um psicótico não são, talvez ele não saiba explicar como um vizinho que não está lá pode fazer macumba para ele, mas a explicação de como isso acontece é irrelevante, o fato é que o vizinho está fazendo macumba e pronto. O psicótico vive num mundo onde a realidade é outra, inatingível por nós ou mesmo por outros psicóticos, mas vive simultaneamente neste mundo real..” 

Como o diagnóstico final do Adélio foi o de “Transtorno Delirante Persistente” (CID 10-F 22), precisamos analisar o que significa o “Delírio”, o principal sintoma da Esquizofrenia.

 “O delírio é toda convicção inabalável, incompreensível e absurda que um psicótico tem. O delírio pode ser proveniente de uma recordação para a qual o paciente dá uma nova interpretação, pode vir de um gesto simples realizado por qualquer pessoa como coçar a cabeça pode vir de uma ideia criada pelo próprio paciente, pode ser uma fantasia como acreditar que seres espirituais estejam enviando mensagens do além através da televisão, ou mais realistas como achar que seu sócio está roubando seu dinheiro. O delírio proveniente de eventos simples como coçar a cabeça são as percepções delirantes. Ver uma pessoa coçar a cabeça não pode significar nada, mas para um paciente delirante pode, como um sinal de que a pessoa que coçou a cabeça julga-o (paciente) homossexual. Quando a ideia é muito absurda é fácil ver que se trata de um delírio, mas quando é plausível é necessário examinar a forma como o paciente pratica a ideia que defende. O exemplo do vizinho acima citado também é um delírio. A constatação de um delírio não é tarefa para leigos, nem mesmo os clínicos gerais estão habilitados para isso; somente os psiquiatras e profissionais da área de saúde mental.1

Esta questão do delírio da psicose levanta um tema tão interessante quando complexo da sociedade humana: A Esquizofrenia é classificada como Psicose e o Delírio é um sintoma típico da esquizofrenia. Mas não só os psicóticos podem “ouvir a voz de Deus”, como também os religiosos o fazem frequentemente, em todas as épocas da humanidade. Se ninguém pudesse “ouvir a voz de Deus”, como surgiriam as religiões do mundo todo?

“O Senhor respondeu: “Verás o que vou fazer ao faraó: forçado por uma mão poderosa, ele os deixará partir; forçado por uma mão poderosa, ele os expulsará de sua terra”. Deus disse a Moisés: “Eu sou o Senhor. Apareci a Abraão, a Isaac e a Jacó como o Deus todo-poderoso, mas não me dei a conhecer a eles pelo meu nome de Javé.” Êxodo 6:1-3

“E aconteceu depois destas coisas, que provou Deus a Abraão, e disse-lhe: Abraão! E ele disse: Eis-me aqui. E disse: Toma agora o teu filho, o teu único filho, Isaque, a quem amas, e vai-te à terra de Moriá, e oferece-o ali em holocausto sobre uma das montanhas, que eu te direi.” Gênesis 22:1,2

“E Pedro, tomando a palavra, disse a Jesus: Senhor, bom é estarmos aqui; se queres, façamos aqui três tabernáculos, um para ti, um para Moisés, e um para Elias. E, estando ele ainda a falar, eis que uma nuvem luminosa os cobriu. E da nuvem saiu uma voz que dizia: Este é o meu amado Filho, em quem me comprazo; escutai-o. E os discípulos, ouvindo isto, caíram sobre os seus rostos, e tiveram grande medo.” Mateus 17:4-6

Qual psiquiatra diria que Abraão, Moisés, ou os apóstolos de Jesus estavam em um estado delirante quando ouviram a Deus?

Neste sentido, esclarece Maria Danielle Figueira Tavares:

“Desde que há homens e que eles pensam, ideias religiosas permeiam a maioria das mentes, fazendo com que as questões de ordem religiosa acompanhem a humanidade ao longo de toda a sua história. De forma geral, a literatura nos fala que existem vários modos de distinguir experiências psicóticas de experiência religiosa normal. Lukoff (1985) e Pierre (2001) afirmam que para que as crenças ou as experiências religiosas sejam patológicas, precisam prejudicar a capacidade de a pessoa desempenhar suas atividades diárias. Se o desempenho social ou ocupacional não for prejudicado, então a crença ou experiência religiosa não será patológica, pois, a pessoa psicótica terá dificuldade em estabelecer a relação com outras pessoas no seu ambiente social ou religioso, principalmente porque apresentará outros sintomas da doença psicótica que prejudicarão sua habilidade de se relacionar com os outros. Exemplos de problemas no desempenho são perda da capacidade de manter um emprego, problemas legais com a polícia ou por não conseguir realizar suas obrigações, comportamentos ou ameaças suicidas ou homicidas e dificuldades de pensar com clareza.

Há, então, um certo consenso geral de que critérios específicos existem e podem ajudar a distinguir a pessoa mentalmente doente com psicose da pessoa religiosa e devota que tem experiências místicas. A pessoa religiosa tem insight na natureza extraordinária dos seus relatos, normalmente faz parte de um grupo de pessoas que compartilha as suas crenças e experiências (culturalmente apropriado), não tem outros sintomas de doença mental que afetem o processo de seus pensamentos, é capaz de manter um trabalho e evitar problemas legais, não causar danos a si mesma e, normalmente, tem resultado positivo com o passar do tempo.”2

Uma questão filosófica a ser levantada aqui é se a medicina e a ciência detêm toda a verdade possível e definitiva sobre a realidade da natureza humana e universal, podendo negar a existência de um Ser Divino, como quer que Ele possa ser, assim como os espíritos, os devas, os jinas, os elementais, etc.

Aqui temos três possibilidades:

  1. Nada de espiritual existe no Universo, que é apenas energético e material; neste caso, todas as experiências espirituais, de todos os tempos, foram apenas delírios e surtos psicóticos.
  2. O Universo tem duas dimensões: uma energética e material (Física) e uma espiritual (Parafísica que coexistem, mas têm diferentes probabilidades de manifestação e percepção; neste caso, assim como ainda não conseguimos ver fisicamente a famosa “matéria escura” (95% do universo físico): Existem várias teorias sobre o que seria a tal ‘matéria escura’, sendo que o mais provável é que ela seja feita de partículas subatômicas, menores que nêutrons, prótons e elétrons e ainda indetectáveis pelos atuais instrumentos de medição dos cientistas. O mesmo poderia acontecer com os “planos espirituais”, que ainda não conseguimos ver apenas por falta de tecnologia e equipamentos suficientemente sofisticados para tal percepção.

Nesta possibilidade, somente os profetas, os xamãs, os médiuns e os sonambúlicos poderiam ter acesso a esta dimensão espiritual vendo-a, ouvindo-a, ou sonhando com ela, sendo os criadores e construtores das Religiões de todos os tempos!

  1. O Universo tem duas dimensões: uma energética e material (Física) e uma espiritual (Parafísica), assim como existem pessoas com dons paranormais e pessoas em estados psicóticos delirantes; diferenciar um do outro deveria ser um trabalho a ser discutido entre as duas áreas da experiência humana, principalmente usando os argumentos de Lukoff (1985) e Pierre (2001): Se a pessoa tem uma experiência extraordinária mas consegue dar conta das suas atividades diárias, se o seu desempenho social ou ocupacional não for prejudicado, se suas crenças fazem parte de um grupo de pessoas que compartilham as suas crenças e experiências, ela não poderia ser considerada patológica como a esquizofrenia, onde o doente psicótico terá dificuldades em estabelecer a relação com outras pessoas no seu ambiente social ou religioso, apresentará outros sintomas da doença psicótica que prejudicarão sua habilidade de se relacionar com os outros e dificuldades de pensar com clareza.

Muitas vezes (e eu digo isso com 30 anos de prática em Medicina) é extremamente difícil definir a experiência de uma pessoa ou paciente como sendo uma “experiência espiritual real”, que a pessoa afirma ser, ou um delírio psicótico que a pessoa também tem certeza da sua veracidade. O que o psiquiatra costuma usar é comparar o que o paciente está falando com as suas próprias experiências pessoais ou crenças culturais. Se o psiquiatra considerar a informação absurda, improvável ou impossível, irá considerar que é mesmo um delírio. E se houver um consenso científico de que é impossível “ver os mortos” ou “ouvir a voz de Deus”, torna-se óbvio que o paciente está alucinando.

Um autor que estudou mais profundamente este tema foi o psiquiatra checo Stanislav Grof (1931~), que publicou um livro chamado “Emergência Espiritual: Crise e Transformação Espiritual” (São Paulo, Editora Cultrix, 1989). Durante mais de 40 anos de trabalho e pesquisa, Grof verificou diferentes padrões experienciais e graus de insanidade nas experiências transpessoais as quais requerem tratamentos diferenciados sendo o auxilio relativo à natureza, profundidade e intensidade do processo. Grof observou que apesar da possibilidade da Emergência Espiritual ser uma característica inata aos seres humanos, quando ela é muito rápida e dramática, esse processo natural torna-se uma crise. Ele identifica dois quadros de emergência espiritual: Crise de Emergência Espiritual (Spiritual Emergency) – sugerindo uma crise, emergência no sentido de “urgência” e Emergência Espiritual (Spiritual Emergence) – sugerindo uma oportunidade de ascensão a um novo nível de consciência, emergência no sentido de “elevação”.

Quais seriam os fatores desencadeantes? Estas crises psicoespirituais podem ocorrer de modo espontâneo sem ação de fatores de precipitação, ou suas causas podem ser deflagradas por: estresse emocional, exaustão física, enfermidades, acidentes, experiências sexuais intensas, trabalho de parto, drogas psicodélicas ou mesmo praticas de meditação intensa. Outras possíveis causas são muitas mudanças ao mesmo tempo, perdas (entes queridos, trabalho, financeira), cursos que induzem experiências intensas, vivências xamânicas, experiência próxima da morte ou práticas que podem levar ao despertar da Kundalini.

Como tratar estes casos? Grof insiste que o tratamento deve levar em consideração cada caso individualmente podendo limitar-se a um apoio específico à pessoa em crise ou podendo envolver parentes e amigos ou grupos de apoio, deve ser flexível e criativo, respeitando a natureza individual da crise e se utilizando de todos os recursos disponíveis. 

Um outro trabalho interessante, intitulado “O diagnóstico diferencial entre experiências espirituais e transtornos mentais de conteúdo religioso”, escrito por Adair de Menezes Júnior (Psicólogo e mestre em Filosofia pela Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) e Alexander Moreira-Almeida (Psiquiatra e professor adjunto pela Faculdade de Medicina da UFJF), com o seguinte resumo:

CONTEXTO: Experiências espirituais podem ser confundidas com sintomas psicóticos e dissociativos, constituindo-se muitas vezes em um desafio para o diagnóstico diferencial.

OBJETIVO: Identificar critérios que permitam a elaboração de um diagnóstico diferencial entre experiências espirituais e transtornos psicóticos e dissociativos.

MÉTODOS: Foi feita uma ampla revisão na literatura sobre o tema, na qual foram examinados 135 artigos identificados em pesquisa no PubMed.

RESULTADOS: Foram identificados nove critérios de maior concordância entre os pesquisadores que poderiam indicar uma adequada diferenciação entre experiências espirituais e transtornos psicóticos e dissociativos. São eles, em relação à experiência vivida: ausência de sofrimento psicológico, ausência de prejuízos sociais e ocupacionais, duração curta da experiência, atitude crítica (ter dúvidas sobre a realidade objetiva da vivência), compatibilidade com o grupo cultural ou religioso do paciente, ausência de comorbidades, controle sobre a experiência, crescimento pessoal ao longo do tempo e uma atitude de ajuda aos outros. A presença dessas condições sugere uma experiência espiritual não patológica, mas, por outro lado, há carência de estudos bem controlados testando esses critérios.

CONCLUSÕES: Esses critérios propostos na literatura, embora alcançando um consenso expressivo entre diferentes pesquisadores, ainda precisam ser testados empiricamente e direções metodológicas para as futuras pesquisas sobre esse tema são sugeridas.3

Vamos voltar agora à 2ª parte da sentença do Adélio e buscarmos encaixar tudo isso de forma mais clara e segura!

Fontes:

  1. http://www.psicosite.com.br/tra/psi/psicose.htm
  2. https://www.ufrgs.br/psicopatologia/wiki/index.php?title=Del%C3%ADrios_Religiosos
  3. http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0101-60832009000200006