Dom Moacyr Grechi e a Imprensa das elites
O texto que estamos analisando aqui foi publicado no Blog de Leonardo Boff em 25/03/2106, com o título “Uma democracia honesta sobrevive sem justa reflexão?”
O texto do Dom Moacyr Grechi, um respeitável bispo católico de 80 anos, está repleto de enganos ideológicos.
Seu primeiro grande erro está já no segundo parágrafo, onde ele escreve que “ao não aceitar o resultado final do processo eleitoral do ano de 2014, grupos políticos distintos deixaram de exercer um papel extremamente útil à sociedade, … para se entregar a um espírito pequeno e destruidor da saudável organização social de nossa tenra democracia ainda em construção.”
Voltando no tempo, vemos que Lula se tornou presidente em sua quarta tentativa para chegar ao cargo presidencial, após derrotar o candidato do PSDB José Serra, com 61,27% dos votos válidos, em segundo turno. Fazendo uma retrospectiva do governo Lula, seu início foi tranquilo, até que em 2004 estourou o escândalo dos Bingos e, em maio de 2005, o escândalo dos Correios. Seguindo esses escândalos, em 14 de maio de 2005 surge o Mensalão, nome dado ao escândalo de corrupção política mediante compra de votos de parlamentares no Congresso Nacional do Brasil, que ocorreu entre 2005 e 2006. O caso teve como protagonistas alguns integrantes do governo do então presidente Luiz Inácio Lula da Silva, membros do Partido dos Trabalhadores (PT), Popular Socialista (PPS), Trabalhista Brasileiro (PTB), República (PR), Socialista Brasileiro (PSB), Republicano Progressista (PRP), e Progressista (PP).
O escândalo dos bingos foi o nome de uma crise que surgiu em 13 de Fevereiro de 2004, após denúncias de que Waldomiro Diniz, assessor do então ministro da Casa Civil José Dirceu, estava extorquindo empresários com a finalidade de arrecadar fundos para o Partido dos Trabalhadores.
O chamado escândalo dos Correios ocorreu em maio de 2005, após denúncias de irregularidades praticadas na Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos, quando uma fita de vídeo que mostrava um ex-funcionário dos Correios e Telégrafos, Maurício Marinho, negociando propina com um suposto empresário interessado em participar de uma licitação, e mencionando ter o respaldo do deputado federal Roberto Jefferson, do PTB do Rio de Janeiro. Hoje, 40 indiciados por crimes do Escândalo do Mensalão a partir da CPI dos Correios aguardam julgamento pelo Supremo Tribunal Federal
Em 2011, já depois do fim dos dois mandatos do presidente Lula, um relatório final da Polícia Federal confirmou a existência do mensalão, provando o esquema de desvio de dinheiro público e uso deste para a compra de apoio político no Congresso durante o governo Lula.
As investigações das CPIs trouxeram ainda para a pauta de discussões a misteriosa morte do prefeito Celso Daniel (2002) e as denúncias de corrupção na Prefeitura de Santo André, administrada por ele.
As crises políticas tiveram seu ápice em julho de 2005 quando denunciaram o esquema de compra de votos de deputados no Congresso e o financiamento de campanhas por “Caixa 2”. Conhecido como o “Escândalo do Mensalão”, foi o momento mais crítico da gestão Luiz Inácio Lula da Silva e considerado o pior escândalo de seu governo e resultou na cassação do mandato de José Dirceu em dezembro de 2005, detentor do principal posto de coordenação política do país naquele momento, sendo tratado pela imprensa como o verdadeiro homem forte da administração federal, a quem caberia as decisões. E os desdobramentos das investigações se estenderam até 2008 na Operação Satiagraha.
Em outubro de 2006, Lula se reelegeu para a presidência, derrotando o candidato do PSDB Geraldo Alckmin, sendo eleito no segundo turno com mais de 60% dos votos válidos contra 39,17% de seu adversário.
Quase nove anos depois da revelação do escândalo do mensalão, em 2005, o Supremo Tribunal Federal (STF) concluiu, em março de 2014, o julgamento dos réus acusados de envolvimento no esquema de compra de apoio político na Câmara pelo PT nos dois primeiros anos do governo Lula. Os ministros dedicaram 69 sessões ao caso, encerrado com a condenação de 24 dos 40 denunciados. Do grupo inicial, 38 tornaram-se réus e 13 foram absolvidos, dois foram excluídos do processo e um teve o caso enviado à 1ª instância.
Mesmo com tantos escândalos de corrupção, Lula deixou o governo com aprovação recorde da população, com número superior a 80% de avaliação positiva, tendo como principais marcas a manutenção da estabilidade econômica, a retomada do crescimento do País e a redução da pobreza e da desigualdade social.
Com estes créditos, Lula conseguiu eleger Dilma Rousseff em 2010, após derrotar o candidato do PSDB, José Serra, com 56,05% dos votos válidos, em segundo turno.
Dilma manteve a maior parte dos programas do governo Lula, mas a economia brasileira começou a declinar velozmente.
Em 2012, a balança comercial brasileira registrou um superávit (exportações menos importações) de US$ 19,43 bilhões. Frente ao ano de 2011, quando o saldo positivo somou US$ 29,79 bilhões, foi registrada uma queda de 34,75%, o pior desempenho em 10 anos. Nos anos seguintes, os resultados seriam ainda mais fracos. Em 2013, a balança comercial brasileira teve superávit de US$ 2,56 bilhões, o pior resultado para um ano fechado desde 2000, quando houve déficit de US$ 731 milhões. Em 2014, foi contabilizado um déficit (importações maiores do que exportações) de US$ 3,93 bilhões, o primeiro desde 2000.
Os detalhes da crise do governo Dilma seriam muito extensos para este texto, mas podemos citar rapidamente as crises da inflação, deflação, PIB, dívidas interna e externa, educação, homicídios, entre tantos escândalos e fracassos…
No final de 2013, o Brasil aparecia na 72ª posição (entre 177 países) na percepção de corrupção da ONG Transparência Internacional. A Dinamarca aparecia como menos corrupta, com 91 pontos, e a Somália como a mais corrupta, com 8 pontos. O Brasil obteve 42 pontos na pesquisa. “Há a sensação de uma prática de corrupção muito extensa”, explica o pesquisador mexicano Alexandro Salas, diretor para as Américas da Transparência Internacional, que pediu ao Brasil que comece a aplicar sua “grande infraestrutura” legal contra a corrupção.
Em março de 2014 foi iniciada pela Polícia Federal a operação Lava Jato que, em um mês, já havia indiciado 46 pessoas por crimes de formação de organização criminosa, crimes contra o sistema financeiro nacional, falsidade ideológica e lavagem de dinheiro, tendo sido presos trinta dos acusados, entre os quais o doleiro Alberto Youssef e o ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa. Esta operação já está na sua 26ª fase, com escândalos e prisões que só aumentam a crise do governo Dilma.
Mesmo assim, a reeleição de Dilma Rousseff foi anunciada no dia 26 de outubro de 2014, obtendo 54.501.118 votos (51,64%) e o tucano Aécio 51.041.155 votos (48,36%). No mesmo dia, em seu primeiro discurso após a reeleição, Dilma afirmou, em Brasília, que estaria aberta ao diálogo, que sua reeleição foi um “voto de esperança dado pelo povo” e que “a primeira e mais importante” reforma que pretende fazer será a política.
Dom Moacyr comete aqui, o seu segundo erro, ao afirmar que a crise do governo de Dilma tem sido causado apenas pela imprensa de oposição:
“Tendo isso como uma das premissas básicas para tais reflexões, não deixa de ser preocupante a forma como tem ocorrido o processo de informação no país, produzida de modo parcial e centralizada, de classificação. … Em um país, de tamanho continental, nove famílias (Abravanel – SBT, Edir Macedo – Record, Cívita – Abril, Frias – Folha, Levy – Gazeta, Marinho – Globo, Mesquita – Estado de SP, Nascimento Brito – Jornal do Brasil, Saad – Band) dominam mais de 70% de todos os veículos de comunicação da sociedade brasileira. Esse é o melhor caminho para o fortalecimento da cidadania?”
Mas a realidade é que o governo de Dilma está afundando por incompetência da própria presidente, fato que até o Lula concorda, ao dizer: “Eu fiz essa pergunta para Dilma: “Companheira, você lembra qual foi a última notícia boa que demos ao Brasil?” E ela não lembrava. Como nenhum ministro lembrava. Como eu tinha estado com seis senadores, e eles não lembravam. Como eu tinha estado com 16 deputados federais, e eles não lembravam. Como eu estive com a CUT, e ninguém lembrava.”
Dilma fez muitas promessas na sua segunda campanha, mas não cumpriu 74% das mesmas, segundo a divulgação do resultado do “Promessômetro”, medidor do desempenho das promessas de campanha da presidente nos seus dois primeiros anos de mandato (2011/2012). O trabalho do Democratas apontou que das 91 promessas analisadas, 74% não foram cumpridas no período. As falhas na execução das ações passam pelas áreas de educação, saúde, segurança, cultura, saneamento, infraestrutura, entre outras.
O estudo revelou que da promessa de se construir 2.883 postos de polícia comunitária nada foi executado. Ainda mostrou que apenas 12,89% da malha ferroviária virou realidade com a construção de apenas 227 km dos 1.761 prometidos. A construção das Unidades de Pronto Atendimento (UPA) também está em situação crítica: quase 80% do compromisso assumido equivalente aos anos de 2011 e 2012 ficaram na promessa. Somente R$ 93,55 milhões dos R$ 500 milhões programados foram aplicados. O recurso investido é suficiente apenas para a entrega de 47 UPAs, quando deveriam ser concluídas 250 unidades.
“O capítulo saúde é onde eles foram mais negligentes. Tanto que 78% da população brasileira quando pesquisada em qualquer cidade do Brasil eles apontam saúde como o principal motivo que o leva a cobrar das autoridades. Não construíram as unidades de saúde, não ampliaram os leitos de UTI que era promessa de campanha. Nem é preciso aferir o Promessômetro na área da saúde.
Em outro escândalo – o do investimento na empresa Lácteos Brasil – o BNDES teve prejuízo de R$ 700 milhões que dariam a construção de 8.235 unidades do Minha Casa Minha Vida. Nas obras da transposição do Rio Francisco, o custo passou de 4,8 bilhões, em 2007, para R$ 8,2 bilhões, em 2012 e ainda há 53,23% do empreendimento para ser finalizado. Há trechos entregues que estão abandonados e viraram “pista de skate para bode”, como apontou Ronaldo Caiado ao mostrar fotografia da obra.
Em 2015, o ranking mundial de educação, divulgado pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), apontou o Brasil na 60ª posição mundial em educação, entre 76 países pesquisados. Esta posição coloca o país em um patamar próximo ao das nações africanas.
O Brasil, que foi o país que mais perdeu posições no ranking mundial de competitividade de 2010 a 2014 (caiu do 38º lugar para o 54º entre as sessenta economias analisadas pelo International Institute for Management Development e pela Fundação Dom Cabral), teve nova queda em 2015, da 54ª para a 56ª posição, em um grupo de 61 países analisados.
Dilma não culpava “a imprensa” por todas essas crises, mas a “crise econômica mundial”. Em junho de 2015, a presidente Dilma Rousseff disseque a crise de 2008 foi mesmo uma marolinha, ecoando frase da época do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, mas agregou que o processo virou uma “onda”:
“Para nós, naquele momento, foi (uma marolinha), mas depois a marola se acumula e vira uma onda”, afirmou a presidente, após participar da cúpula Celac-União Europeia. “Mas sabe por quê? Porque o mar não serenou”, disse.
Dilma explicou que o mar serenar significaria a economia americana ter se recuperado mais rapidamente. Ela acrescentou que a economia europeia ainda está se recuperando e disse que isso impactou a situação econômica do Brasil.
Popularidade de Dilma:
Depois que o escândalo da Petrobras veio à tona, e com a piora da economia brasileira, a popularidade de Dilma despencou e atingiu a pior marca da história de seu governo: de 42% (avaliação boa/ótima) em dezembro de 2014, caiu para 23% em fevereiro de 2015, segundo o instituto de pesquisas Datafolha. A avaliação ruim/péssima subiu de 24% para 44% no mesmo período. À época dos protestos de junho de 2013, a popularidade de Dilma era de 30%. Foi a pior avaliação de um presidente desde dezembro de 1999.
Segundo o jornal Folha de São Paulo, “o país assiste à mais rápida e profunda deterioração política desde o governo Fernando Collor de Mello.” De acordo com o Datafolha, Dilma também obteve a primeira “nota vermelha” de sua gestão, uma média de 4,8. Para 47% dos entrevistados, a presidente é desonesta. Outros 54% falam que ela é falsa e 50%, indecisa. Para 60% dos eleitores, Dilma mentiu na campanha eleitoral de 2014.
Em 18 de março de 2015 o Datafolha divulgou uma nova pesquisa mostrando que o índice de aprovação do governo caiu para 13%, sendo o pior índice desde o início de seu primeiro mandato, em janeiro de 2011. Cerca de 62% dos entrevistados avaliaram o governo da petista como ruim ou péssimo. Ainda de acordo com o instituto esta é a mais alta taxa de reprovação de um presidente da República desde setembro de 1992, véspera do impeachment do então presidente Fernando Collor de Mello, que na época obteve 68% de reprovação.
Em abril de 2015, nova pesquisa do Ibope mostrou mais uma queda no índice, com 12% considerando o governo Dilma Rousseff “ótimo ou bom”, e 64% considerando-o “ruim ou péssimo”.
Em setembro de 2015, outra pesquisa do Ibope mostrou nova queda, com 10% considerando o governo Dilma Rousseff “ótimo ou bom”, e 69% considerando-o “ruim ou péssimo”.
No início de fevereiro de 2016, uma pesquisa do instituto Ipsos revelou que o índice de ótimo ou bom do governo Dilma era de 5%, enquanto 79% o considerava ruim ou péssimo.”
Para fecharmos estas reflexões, vamos deixar as explicações do fracasso da Dilma com o seu próprio criador e padrinho, Lula da Silva:
“Dilma está no volume morto, o PT está abaixo do volume morto, e eu estou no volume morto. Todos estão numa situação muito ruim. E olha que o PT ainda é o melhor partido. Estamos perdendo para nós mesmos” — disse Lula.
Muito rouco, o ex-presidente dizia coisas como “o momento não está bom” e “o momento é difícil”: “Acabamos de fazer uma pesquisa em Santo André e São Bernardo, e a nossa rejeição chega a 75%. Entreguei a pesquisa para Dilma, em que nós só temos 7% de bom e ótimo” — disse Lula.
Ele afirmou ter dito à presidente: “Isso não é para você desanimar, não. Isso é para você saber que a gente tem de mudar, que a gente pode se recuperar. E entre o PT, entre eu e você, quem tem mais capacidade de se recuperar é o governo, porque tem iniciativa, tem recurso, tem uma máquina poderosa para poder falar, executar, inaugurar”.
“Na falta de dinheiro, tem de entrar a política. Nesses últimos cinco anos, fizemos muito menos atividade política com o povo do que fizemos no outro período — disse ele, citando as conferências nacionais com grupos sociais: — Isso acabou, Gilberto!”
Lula reclamou que Dilma tem dificuldade de ouvir até mesmo os conselhos dados por ele: “Gilberto sabe do sacrifício que é a gente pedir para a companheira Dilma viajar e falar. Porque na hora que a gente abraça, pega na mão, é outra coisa. Política é isso, o olhar no olho, o passar a mão na cabeça, o beijo.” Nesse ponto da conversa, o ex-presidente fez questão de ressaltar: falar com a população não é “agendar para falar na televisão”.
Para criticar o empenho de Dilma na aprovação do ajuste fiscal, Lula afirmou:
“Falar é uma arma sagrada. Estamos há seis meses discutindo ajuste. Ajuste não é programa de governo. Em vez de falar de ajuste… Depois de ajuste vem o quê? — criticou Lula, apontando que é preciso “fazer as pessoas acreditarem que o que vem pela frente é muito bom”. Segundo o petista, “agora parece que acabou o (assunto) do ajuste”.
Lula continuou a “confissão”, elencando as más notícias dadas pelo governo:
“Primeiro: inflação. Segundo: aumento da conta de água, que dobrou. Terceiro: aumento da conta de luz, que para algumas pessoas triplicou. Quarto: aumento da gasolina, do diesel, aumento do dólar, aumento das denúncias de corrupção da Lava-Jato, aquela confusão desgraçada que nós fizemos com o Fies (Financiamento Estudantil), que era uma coisa tranquila e que foram mexer e virou uma desgraceira que não tem precedente. E o anúncio do que ia mexer na pensão, na aposentadoria dos trabalhadores.”
Nesse momento, Lula resgatou as promessas não cumpridas por Dilma durante a última campanha eleitoral:
“Tem uma frase da companheira Dilma que é sagrada: “Eu não mexo no direito dos trabalhadores nem que a vaca tussa”. E mexeu. Tem outra frase, Gilberto, que é marcante, que é a frase que diz o seguinte: “Eu não vou fazer ajuste, ajuste é coisa de tucano”. E fez. E os tucanos sabiamente colocaram Dilma falando isso (no programa de TV do partido) e dizendo que ela mente. Era uma coisa muito forte. E fiquei muito preocupado.”
Todas estas falas do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva foram ditas para um seleto grupo de padres e dirigentes de entidades religiosas no auditório de seu instituto, em junho de 2015, em São Paulo. Na mesa, os mais de 30 participantes do encontro, estava o bispo dom Pedro Luiz Stringhini.
Depois de tudo o que vem acontecendo no Brasil, afundando nosso país em um abismo social e econômico, o bispo Moacyr ainda insiste no velho paradigma de Marx: a supremacia dos burgueses e o ódio de classes: “Como ela (a informação) vem sendo utilizada com o objetivo de consolidar interesses políticos e econômicos de castas historicamente abastadas pela riqueza da nação ou a serviço dela.”
Até quando iremos malhar neste ferro frio? Até quando a Esquerda vai culpar a “elite” como a origem de todo o Mal da Terra? Que um dia os socialistas e comunistas olhem, de forma neutra e isenta de paixões ideológicas, o que a História tem a mostrar a respeito dos milhões de mortos, do controle da imprensa e do colapso econômicos dos países governados pelos “bons revolucionários”!
Fontes:
- https://leonardoboff.wordpress.com/2016/03/25/uma-democracia-honesta-sobrevive-sem-justa-reflexao-dom-moacyr/